segunda-feira, 14 de junho de 2010

Numa capela, diante do sacrário… (Lc 7, 36-50)


Entrou na casa onde estava Jesus uma mulher. Uma mulher que eu olho de lado porque sei que é pecadora. Olho-a de lado porque o meu pecado, por uma qualquer razão estúpida e hipócrita, não me deixa olhar de frente para o pecado dos outros. Será porque vendo o pecado dos outros, apercebo-me da minha condição de pecador? Mas como pode enojar-me o pecado dos outros sem que me enoje primeiro do meu próprio pecado?

 Aquela mulher não pára de beijar os pés a Jesus, de os lavar com as suas lágrimas, de enxugá-los com os seus cabelos e de ungi-los com perfume. Não suporto esta cena! O meu coração não suporta tanta miséria causada pelo pecado. Porquê? Porque não estou a ver apenas a miséria daquela mulher, mas também a minha. As suas lágrimas de arrependimento, os seus beijos de confiança e amor, e o perfume da adoração ao Único que pode perdoar os pecados. E eu, de pé, do alto do meu orgulho, assisto a todo este espectáculo. “Dobra-te tu também”, digo eu ao meu coração. Porventura não tens também grande pecado a confessar? Porventura não terás confiança n’Aquele que nos ama totalmente e que irá também Ele beijar os pés dos homens, sinal antecipado do seu amor que o levará à cruz?

 Quem é este que até perdoa os pecados? Este é Jesus, o próprio amor de Deus que ama, que é amado e que faz amar. É Jesus que, em mim, por amor, me leva a reconhecer as faltas ao amor. Aquele que, por amor, me leva a amar. Aquele pelo qual eu amo e sou amado.

Ó meu coração, que te dizes cristão, acreditas neste amor? Então dobra-te diante do Senhor, porque o teu pecado não te deixa contemplar o Seu rosto resplandecente de amor. Chora profundamente, deitando para fora todas as tuas faltas. Beija confiadamente esses pés que se dirigem continuamente para ti e que tantas vezes carregam contigo. Unge com a tua adoração a Jesus, Aquele que sendo o Amor te amou primeiro e se entregou por ti.

A mulher, perdoada e salva, já foi embora.

Agora é a tua vez. Ajoelha-te.

A quem muito ama, muito é perdoado.   

1 comentário:

  1. Este texto foi escrito à algum tempo atrás. Olho a cena pelos olhos de Simão, o fariseu que convida Jesus para uma refeição.
    Imagina-te dentro da cena, que personagem serias?

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