quinta-feira, 28 de abril de 2011

De uma homilia de Quinta-feira Santa...

"Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti..."
Vale a pena insistir nisto: A Igreja não tem outro sacrifício para oferecer senão o de Cristo. É dele que a igreja vive; é ele que a Igreja anuncia. E porque a Igreja vive desse sacrifício de amor, ele transforma-se em alimento: "é o meu corpo, é o meu sangue". E porque é alimento, é também esse sacrifício que a Igreja procura imitar: "assim como eu vos fiz, fazei-o vós também". Será isso que nós acreditamos e vivemos?
dizia Simone Weil, uma mística francesa do início do século XX: «Quando leio o Novo Testamento, as místicas, a liturgia, quando vejo celebrar a Missa, sinto como que uma espécie de certeza de que esta é a minha fé, ou mais exactamente, seria a minha fé se não existisse entre ela e eu a distância criada pela minha imperfeição».
Ficou-nos do Evangelho, quer o espanto de Pedro perante um Senhor que se dispunha a lavar-lhe os pés, quer a pergunta de Jesus, feita num plural que certamente nos inclui: "Compreendeis o que vos fiz?" Responderemos logo que sim... Mas talvez levemos uma vida inteira a passar da compreensão à prática, comungando de Jesus a verdade da humildade e do serviço. Assim é Deus que reina servindo... Assim é a Igreja que serve sendo imperfeita.
É devido à consciência dessa imperfeição que é imperativo o caminho da conversão: "nem todos estamos limpos". A realidade do pecado, do afastamento de Deus, fere a santidade da Igreja e desvia-nos do caminho da salvação. A conversão e a santidade da Igreja dependem da minha conversão e da minha luta de todos os dias pela santidade.
A urgência da santidade, de tomarmos o exemplo de Cristo e de por Ele e por Ele guiar as nossas vidas, desafia-nos a tomarmos opções sérias nas quais se jogam o futuro de cada um e o da Igreja.
Abaixo-me para lavar os pés à minha imperfeição e com ela sirvo a Igreja.

3 comentários:

  1. gostei da homilia ;-) ficou aqui a pairar a ideia do tomar decisões sérias na minha vida... já que tantas vezes "brinco" com o dom que me foi concedido... upa upa puxadote: decisões sérias...

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  2. Em primeiro lugar, gosto muito da imagem. Curiosamente, a imagem torna o post algo familiar :)
    Em segundo lugar, é como diz há urgência de algo que nos desafia a grandes decisões...
    E faço um LIKE ENORME à última frase "Abaixo-me para lavar os pés à minha imperfeição e com ela sirvo a Igreja" upa upa, Sr. Ricardinho!!

    Gosto muito de si*

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