terça-feira, 6 de setembro de 2011

Beijar os pés

Quando lemos Lucas 7, 36-50 habitualmente ficamos espantados pelo gesto da mulher pecadora que lava os pés de Jesus com as lágrimas (tenho um texto neste blog sobre isso).
Mas avancemos um pouco mais. Repara como enxuga os pés com os cabelos e os beija.
O gesto de lavar os pés tem fortes ressonâncias na nossa fé e na Escritura. Lembramo-nos logo do gesto de Jesus na Última Ceia como gesto de entrega, serviço e despojamento, antecipando a Sua morte. Sabemos que esse gesto era feito pelos escravos, o que nos impressiona mais porque Jesus, sendo Deus se fez homem, sendo Senhor se fez servo.
Mas repara hoje no gesto de beijar os pés. No tempo de Jesus, beijar os pés ou o joelho era sinal de agradecimento profundo por uma vida salva. E está tudo dito.
Quem não ama não pede perdão nem reconhece o perdão por achar que não precisa dele. Quem não ama fica no julgamento («Se este homem fosse profeta…»).
Ou então fica na inveja de ser mais ou menos amado por Deus em relação a alguém (Mt 20, 1-16: «Estás com ciúmes por eu ser bom?). Quem ama é agradecido, reconhece-se salvo, resgatado, libertado.
Muito devo ao Senhor porque muito o ofendi e me afastei. Muito lhe agradeço porque muito fui perdoado. O Senhor salda a dívida do meu afastamento no madeiro da Cruz. O seu amor feito entrega é o meu resgate. Por isso lhe beijo os pés, reconhecido e agradecido por me ter salvado. Sem vergonha da humilhação do que os outros pensam, mas expressando o meu amor por Ele.
Se o que mais dói é a dor de ser perdoado, então aquilo que me leva a mudar e converter é o reconhecimento do amor de Deus por mim amando-o muito mais.


Oblação de Santo Inácio (EE 98)

Eterno Senhor de todas as coisas, eu faço a minha oblação, com vosso favor e ajuda, diante da vossa infinita bondade, e diante da vossa Mãe gloriosa e todos os santos e santas da corte celestial, que eu quero e desejo e é minha determinação deliberada, contanto que seja vosso maior serviço e louvor, imitar-Vos em passar todas as injúrias e todo o desprezo e toda a pobreza, assim actual como espiritual, se Vossa Santíssima Majestade me quiser escolher e receber em tal (indicar qual) vida e estado.

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