Mas avancemos um pouco mais. Repara como enxuga os pés com os cabelos e os beija.
O gesto de lavar os pés tem
fortes ressonâncias na nossa fé e na Escritura. Lembramo-nos logo do gesto de
Jesus na Última Ceia como gesto de entrega, serviço e despojamento, antecipando
a Sua morte. Sabemos que esse gesto era feito pelos escravos, o que nos
impressiona mais porque Jesus, sendo Deus se fez homem, sendo Senhor se fez
servo.
Mas repara hoje no gesto de
beijar os pés. No tempo de Jesus, beijar os pés ou o joelho era sinal de
agradecimento profundo por uma vida salva. E está tudo dito.
Quem não ama não pede perdão
nem reconhece o perdão por achar que não precisa dele. Quem não ama fica no
julgamento («Se este homem fosse profeta…»).
Ou então fica na inveja de ser
mais ou menos amado por Deus em relação a alguém (Mt 20, 1-16: «Estás com
ciúmes por eu ser bom?). Quem ama é agradecido, reconhece-se salvo, resgatado,
libertado.
Muito devo ao Senhor porque
muito o ofendi e me afastei. Muito lhe agradeço porque muito fui perdoado. O
Senhor salda a dívida do meu afastamento no madeiro da Cruz. O seu amor feito
entrega é o meu resgate. Por isso lhe beijo os pés, reconhecido e agradecido
por me ter salvado. Sem vergonha da humilhação do que os outros pensam, mas
expressando o meu amor por Ele.
Se o que mais dói é a dor de
ser perdoado, então aquilo que me leva a mudar e converter é o reconhecimento
do amor de Deus por mim amando-o muito mais.
Oblação de Santo Inácio (EE
98)
Eterno Senhor de todas as coisas, eu faço a minha oblação, com vosso favor e ajuda, diante da vossa infinita bondade, e diante da vossa Mãe gloriosa e todos os santos e santas da corte celestial, que eu quero e desejo e é minha determinação deliberada, contanto que seja vosso maior serviço e louvor, imitar-Vos em passar todas as injúrias e todo o desprezo e toda a pobreza, assim actual como espiritual, se Vossa Santíssima Majestade me quiser escolher e receber em tal (indicar qual) vida e estado.
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