quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A minha fé na Ressurreição


Depois do sofrimento e da confusão causada pelo pecado, sinto no meu coração a antecipação de algo novo, aquela dor na barriga de que algo está para acontecer.
Senti-me perdoado porque Cristo está vivo. Ele não morreu nem me deixou morrer. É assim, de facto.
O pecado que me feria não me matou porque Cristo morreu por mim. O estado de morte – ou de recusa da vida – não foi total porque a morte foi vencida.
Há qualquer coisa dentro do peito que quer rebentar para fora. Corre!
Vê o lugar onde jazias. Tu não estás lá porque alguém assumiu esse lugar. E esse Alguém também não está morto.
Corre a minha razão e o meu sentimento (Jo 20, 1-10). Chega primeiro o sentimento, que é sempre mais apressado e precipitado. Chega mas não tem coragem para entrar.
Chega depois a razão, mais cautelosa, e por isso vai mais devagar. A razão entra e vê, mas não entende. Como pode ser?
Entra, então, o sentimento. Aquilo que não vê e o pouco que vê bastam. Viu e acreditou!
Ainda não tinham entendido porque esse entendimento vem pela Palavra reveladora: era assim que tinha de ser!
Contra toda a lógica, e no meio da confusão dos sentimentos. Mas aconteceu!
Fui devolvido à vida! A uma vida nova, transformada pelo amor que experimentei no meio do desespero do pecado.
A fé voltou. Compreendeu pelas Escrituras, sentiu no coração e experimenta na vida.
Ainda não vejo essa vida renovada, mas já não vivo na velha condição do pecado.
Sinto-me livre e recuperado da luta que Alguém travou por mim e comigo.
Mas não está tudo feito… Choro.
Queria tocar, ver e ouvir Aquele que me acompanhou.
Mas, afinal, quem procuro (Jo 20, 11-18)? Aquele que me libertou ou os restos daquele que foi libertado? Se a vida é nova como a conheço?

Ouço o meu nome. Reconheço-me.
“O essencial está feito. Agora és tu que tens de caminhar. Não me detenhas, esperando que Eu faça o caminho por ti. Eu libertei-te e dei-te uma vida nova. Merece-a! Vive-a! Eu sou essa vida nova. Vive em Mim!
Já não sou apenas o companheiro; mas sou o caminho e a meta. Já não sou apenas o dedo que aponta o mal; sou o critério para o perceber.
Eu vou para o Pai para levar comigo a tua vida e a da humanidade inteira. O caminho ainda não terminou. Apenas venceste uma batalha na luta da vida.”
E eu vi o Senhor!
Na minha vida perdoada, no alento renovado para fazer caminho.
E na conversa ao telefone com aquela pessoa que, das profundezas do sofrimento que esmaga, se ergueu mais forte e renovada.
Encontrei-me porque O encontrei. E encontrei-O em ti que comigo caminhas e me ajudas a caminhar com o teu testemunho sofrido.
Senhor, não quero voltar a trair-Te.
É nestas minhas chagas abertas que vejo os sinais da ressurreição. É nessas feridas que não desaparecem, mas que já não doem, que percebo as minhas limitações e enganos e o quanto isso me escraviza.
É nessas feridas que sinto a dor de ser perdoado e re-ligado.
Dizia Newman que o padre é o “curador ferido”. Pois são essas chagas o meu púlpito!

Meu Senhor e meu Deus (Jo 20, 19-31), que o medo de voltar a falhar e a trair-Te não me paralise. Que a paz alcançada pela grande luta me afaste do pecado e seja vivida com e para os outros. Só a Ti sirvo (Senhor) e só a Ti adoro (Deus)!

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