domingo, 4 de setembro de 2011

Miserere

Senhor, que vida miserável tenho vivido.
Quanta divisão interior, quanta dor causada, quanta precipitação, quanto medo da solidão, quantos afectos desordenados, quanta falta de entrega ao Teu serviço, quanta murmuração, quanta inveja, quanta procura de aplausos, quanta falta de vigilância e critério entre trigo e joio, entre santidade (dom de Deus) e perfeição (esforço pessoal), quanta mesquinhez, quanto afastamento e recusa de Ti...
Contemplo o inferno (EE 71) que é a Tua recusa permanente e sinto a dor causada ao Teu coração.
Vou continuar e protelar esta vida ou resolvo-me a mudar de vez?

Nada no mundo me ajuda a permanecer seja no que for. Tudo muda demasiado rápido: os valores, os critérios, as opiniões... Participo no pecado do mundo quando quero acompanhá-lo nessa fugacidade para agradar aos homens em vez de Deus. O meu pecado pessoal aumenta o pecado do mundo quando abandono levianamente a fé e baixo a fasquia da caridade e da verdade para agradar aos homens na procura da sua admiração.

Deixar crescer o trigo e o joio até à colheita (Mt 13, 24-30) para amadurecer a consciência do amor de Deus e do pecado. Então depois, colher ou queimar.
Quanta dor pelo pecado e quanta dor pelo amor traído...

Tudo se "esfuma" nas trevas do pecado e na escuridão da dor.
A única certeza e o único consolo que me resta:
Deus vem em meu auxílio,
O Senhor sustenta a minha vida. Sl 53 (54)

A esperança que me alenta:
"Os justos brilharão como o sol no Reino de meu Pai" (Mt 13, 36-43)

Roído pela dor deito-me no banco do jardim,
O vento agita a árvore que me dá sombra.
Os meus olhos bateram e ficaram nos ramos secos.
Parecem garras afiadas prontas a cortar-me a vida,
São os ramos que recebem menos sol...
Numa árvore grande com as suas folhas vermelhas.

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