terça-feira, 6 de setembro de 2011

Uma alma ferida de amor

Uma das grandes lutas na oração é a experiência da ausência de Deus.
Parece que Deus não se interessa por nós, não comparece na oração, não se faz ouvir na Palavra, não se manifesta na caridade, etc... Parece que Deus nos abandona nos nossos defeitos, na nossa aridez.
Sabem o que é a saudade? Aquele sentimento que, de vez em quando, precisamos de sofrer para percebermos o quanto amamos alguém?
Perceber que Deus já nos salvou, já entregou o Seu Filho por nós, já nos libertou...
A humilhação de ser perdoado... De mendigar amor com a certeza de que ele é dado.
A consciência do meu afastamento e não de Deus.
Esse sentimento de ausência não acontece quando menos confiamos?
Queremos fazer tudo bem e esquecemos de nos abandonar em Deus.
Aceito esta humilhação para minha santificação.
Como S. Francisco Xavier digo: Mais, mais, mais...

Deixo-vos com outro Francisco...

Uma alma ferida de amor pela ausência de Deus

«Esta pobre alma, que sente bem que está resolvida a morrer para não ofender o seu Deus, mas que, entretanto, não sente um pouco que seja de fervor, antes pelo contrário, uma frieza extrema que a mantém toda entorpecida e tão fraca que cai incessantemente em imperfeições muito sensíveis, está toda ferida porque o seu amor está muitíssimo dorido por ver que Deus parece não querer ver como ela o ama, deixando-a como uma criatura que não lhe pertence; e parece-lhe que, entre os seus defeitos, as suas distracções e friezas, nosso Senhor lança contra ela esta censura: Como podes dizer que me amas, se a tua alma não está comigo? Para ela, isto é um dardo de dor que atravessa o seu coração, mas um dardo de dor que procede do amor, porque, se ela não amasse, não se afligiria com a percepção de que nada mais tem senão amar.»

(S. Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, Livro 6, cap. 15)

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